sábado, 27 de novembro de 2010

O Planeta Ibiza: Filmagens do Gastronomia Urbana




Pra onde vai o jovem encontrar sua tribo, seus pares, seu bem estar. Pra onde vai o ruído eletrônico? Vai para o corpo ou para a alma? É o desejo comum de todos, o escape, o lazer, a festa, e é no Planeta Ibiza que muitos jovens da periferia se deslocam nos finais de semana. Não é a praia da alta sociedade do Riviera da Espanha, e sim um antigo depósito transformado em pista de dança, no bairro Boqueirão. É ali que os DJs Roberto e Marcelo Nunes agitam, promovem, sacodem, e comandam a noite. É ali que as tribos se confrontam e gritam suas canções de guerra ao ritmo do dance music. Boqueirão, Osternack, Xaxim, Uberaba. São rivais do berro, do urro, mas são amigos do passo, do dance music.
Carlos, o metalúrgico que sonha em ser DJ deu aqui seu primeiro grande passo. Se apresentou e comandou o início da pista, e teve alguns momentos de êxito. Comendo para baixar sua ansiedade, revela a emoção de ter tocado ao vivo.
Na manhã seguinte, chegam Sarita e Joelma, mãe e filha, recolhendo os restos da balada, do chão que o capeta melou, de pegada coreografada. 

u te te gastronauê...

Ricardo E. Machado

sábado, 13 de novembro de 2010

13 Nov - Bull-Dog


Retornando ao encontro de Bull-Dog, começo a descobrir a vida por trás daquele saco de ossos. Rodrigo era um cara com uma vida bacana, tinha um passat turbinado e fazia serviço de segurança. Era conhecido no bairro e tinha um monte de amigos. Se envolveu numa treta, passou um tempo na cadeia, e perdeu a moral com a família. Se abraçou na cachaça e mandou todo mundo a merda. Agora prefere viver pelas quebradas do que dar satisfação pra alguém. Não se mete em confusão e não usa drogas, porque tem medo de levar bordoada dos homem. Seu maior dilema são as más companhias da rua, porque Bull-Dog tem um bom coração, não é revoltado, e é muito mais esperto do que a cambada de morcego que fica tirando sarro. 

Ricardo E. Machado

sábado, 6 de novembro de 2010

06 Nov - Branco Favela - O Rapper


Alguém precisa falar a verdade. Mesmo que doa, separe, explore. Alguém precisa apontar o dedo pra realidade.  O rap é que nem o palavrão, é a verbalização do sentimento. É uma lingua comum, sem segregação, é ritmo e poesia, o ritmo da realidade. E aqui não tem pouca favela sem voz, aqui não existe ídolo da periferia e nem microfone apontado pro gueto. O nosso gueto é quieto, é submerso, é disfarçado. Não é tão pobre mas é vizinho do miserável, não é tão feio mas é o suficiente pra se deixar escondido. 300 favelas, ou menos ou mais, ou não. Mas sempre começa com uma, e a nossa pioneira é o Capanema. É ali que eu nasci, disfarçado de rebouças, e é ali que o Branco Favela mora. Um polaco pobre, com o dom do ritmo e da rima, um destaque na musicalidade do rap local. Branco é uma incógnita, mas é através de suas rimas que nós, moradores do asfalto, conseguimos ter a sensação mais próxima da realidade que é a vida no gueto. Que ali é 5 minutos do centro, e que as balas e as pedras voam, e os vários tipos de bichos pegam. 

Ricardo E. Machado

terça-feira, 2 de novembro de 2010

02 Nov - O Caminhoneiro


São muitos os pilotos de carretas que levam pra cima e pra baixo o trigo de que é feito o nosso pão. Mais do que cavalos com um destino, caminhoneiros de hoje precisam acompanhar ciclos comerciais, variações de câmbio, questões de clima, genética, e o PH da carga.
Sr Dalton é um caminhoneiro típico, mas um ser à parte. Sua cabine é sua casa, e não dorme fora dali nem de graça. Seu velho mercedes está com ele há mais de 30 anos, e é personalizado de forma que se tornou uma lenda nas estradas. De um lado tem calotas brancas, e do outro vermelhas, para confundir as autoridades. A garrafinha de água pendurada no para-choque, é um alerta para a Policia Rodoviária, de que lá vem o velho chato. Seu catatau de documentos e licenças, de diversos países, é para vencer o guarda pelo cansaço. Toda  estratégia é válida para se sobreviver sozinho, nas estradas do sul do Brasil. 

Ricardo E. Machado